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Temática e eixos

35º Colóquio ADMEE-Europa de 24 a 26 de janeiro de 2024
Universidade do Minho (Braga), Portugal

Avaliação face aos desafios da diversidade e da inclusão: entre as normas e as diferenciações

 

A tensão entre as normas e as diferenciações está presente nas práticas de avaliação e continua a ser uma questão fundamental para professores, administradores, investigadores e decisores. A visão funcionalista da educação, que contribui para uma meritocracia do talento (Autin et al., 2015; Jury, 2023), tem favorecido o papel seletivo da avaliação, para a qual a construção de normas (formais ou não formais, internas ou externas , implícitas ou explícitas) é fundamental. Assim, a forte cultura de “avaliação normativa” constitui um desafio emergente e crescente à necessidade de responder à diversidade e estabelecer uma escola inclusiva. A promoção de uma diferenciação efectiva, com vista a uma educação mais equitativa, não deixa de colocar novos problemas às práticas avaliativas, para os quais ainda temos poucas respostas. Projetada para apoiar a aprendizagem (Mottier Lopez, 2023), a avaliação se depara com a necessidade de encontrar abordagens que não sejam simplesmente adaptativas e compensatórias, mas que atendam aos requisitos educacionais, sociais e políticos de conciliar avaliação e equidade para todos e todos de uma forma forma inclusiva.

Durante o 35º Colóquio ADMEE-Europa, os participantes são convidados a examinar as tensões entre as normas e as diferenciações em situações de avaliação formais e não formais e a propor reflexões que nos permitam considerar os desafios da igualdade, diversidade e inclusão. O trabalho apresentado contribuirá para a investigação educacional ao fornecer novas perspectivas. Esperamos que este Colóquio seja uma oportunidade para partilhar ideias, explorar abordagens inovadoras e estimular reflexões críticas sobre as práticas de avaliação no campo da educação e face à diversidade de contextos (político, profissional, disciplinar, social e tecnológico).


A temática da conferência será abordada com base em quatro eixos temáticos:

 

  • Eixo 1: Avaliação da aprendizagens numa abordagem inclusiva

 

A avaliação das aprendizagens, inerente aos processos de educação e formação, é uma atividade complexa que envolve uma diversidade de ferramentas, atores e finalidades (a avaliação das aprendizagens, ao serviço da aprendizagem e como aprendizagem). Esta avaliação, que visa identificar conhecimentos, competências ou mesmo experiências adquiridas, envolve práticas sociais, educativas, pedagógicas e didáticas, orientadas, explícita ou implicitamente, por múltiplas referências. A sua complexidade levanta questões epistemológicas, teóricas, metodológicas, éticas e/ou políticas que podem suscitar debates científicos durante a conferência.

Até que ponto  a diferenciação permite a inclusão dos alunos?

 

  • Eixo 2: Avaliação dos sistemas e políticas educativas e de formação

 

A avaliação dos sistemas e políticas educativas é complexa porque exige uma definição clara das normas educativas e a consideração da diferenciação para satisfazer as necessidades individuais dos alunos. Por um lado, a norma refere-se aos critérios e padrões estabelecidos para avaliar a eficácia dos sistemas e políticas educacionais, de acordo com as crescentes necessidades de comparação e competição nacional e internacional (Albarello, Aubin, Fallon & Van Haeperen, 2016) e enfrentadas com uma procura crescente de relatórios sobre ações educativas e de formação. Por outro lado, a diferenciação enfatiza a consideração das necessidades e características específicas dos dispositivos, contextos e alunos. Por fim, a temporalidade continua sendo ao mesmo tempo uma alavanca e uma dificuldade em qualquer avaliação de ações ou políticas educacionais, na medida em que o tempo do cientista geralmente excede o tempo do político, implicando debates sobre normas e valores que impactam a avaliação. Se a avaliação visa determinar em que medida estas iniciativas atingem os objetivos definidos, satisfazem as expectativas das partes interessadas e respeitam os padrões educativos estabelecidos, como é o caso das avaliações em grande escala (Lafontaine, 2017), então a definição dessas normas pode ser um desafio, uma vez que os contextos educativos variam de país para país e de comunidade para comunidade. Como podemos ir além dos inventários de sistemas e políticas para tirar conclusões sobre os seus múltiplos impactos em termos de diversidade e inclusão?

 

  • Eixo 3: Avaliação em contextos de desenvolvimento profissional

 

A norma desempenha um papel importante na avaliação do desenvolvimento profissional e nos processos de construção e definição de benchmarks (Figari & Remaud, 2014). Existem diferenças culturais, contextuais e individuais que influenciam a forma como estas normas são interpretadas e aplicadas. A diferenciação é, portanto, um aspecto fundamental a considerar na avaliação do desenvolvimento profissional e envolve a utilização de diferentes métodos de avaliação, a identificação de objectivos específicos e a implementação de medidas de apoio e apoio adequadas. Que tensões podemos observar entre as necessidades de controlo e gestão de carreira e as ambições de diferenciação para inclusão?

 

  • Eixo 4: Formação em avaliação educacional

 

A formação inicial e contínua de professores é uma questão fundamental, com investigações destacando a relação entre a literacia em avaliação e as práticas de diferenciação que visam melhorar a aprendizagem (Fontaine, 2023). Professores e outros profissionais da educação interagem com alunos que têm diferentes necessidades, competências e estratégias de aprendizagem. Portanto, a formação em avaliação deve incluir abordagens para avaliar de uma forma que seja justa e que responda à diversidade dos alunos. A avaliação dos alunos, dos programas e das políticas educacionais deve obedecer aos padrões estabelecidos para garantir a qualidade?

Références bibliographiques

Albarello L., Aubin D., Fallon, C., Van Haeperen B. (2016), Penser l’évaluation des politiques publiques. De Boeck.

Autin, F., Batruch, A., & Butera, F. (2015). Social justice in education: How the function of selection in educational institutions predicts support for (non) egalitarian assessment practices. Frontiers in Psychology, 6, Article 707. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2015.00707

Figari, G., & Remaud, D. (2014). Methodologie d'évaluation en éducation et formation: Ou l'enquete évaluative. DeBoeck.

 

Fontaine, S. (2023). Comment la formation des personnels peut-elle favoriser le développement d’une évaluation au service de l’apprentissage ? In Conférence de consensus du Cnesco l’évaluation en classe, au service de l’apprentissage des élèves : Notes des experts (pp. 219-228). Cnesco-Cnam.

Jury, M. (2023). Peut-on évaluer différemment des enfants différents ? In Conférence de consensus du Cnesco l’évaluation en classe, au service de l’apprentissage des élèves : Notes des experts (pp. 115-123). Cnesco-Cnam.

Lafontaine, D. (2017). Évaluations à large échelle : prendre la juste mesure des effets de contexte. In Detroz, P., Crahay, M. & Fagnant, A. (2017). L’évaluation à la lumière des contextes et des disciplines (pp. 21-51). De Boeck Supérieur. https://doi.org/10.3917/dbu.detro.2017.01

Mottier Lopez, L. (2023). Quelles sont les nouvelles conceptions de l’évaluation en classe ? Vers des évaluations pour apprendre durablement. In Conférence de consensus du Cnesco l’évaluation en classe, au service de l’apprentissage des élèves : Notes des experts (pp. 13-22). Cnesco-Cnam.

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